domingo, 17 de julho de 2011



Passa em julgado que as mulheres lêem de cadeira em matéria de fazendas,pérolas e rendas, e que, desde que adotam uma fita, deve-se crer que a essa escolha presidiram motivos plausíveis.

Partindo deste princípio, entram os filósofos a indagar se elas mantinham o mesmo cuidado na escolha de um amante ou de um marido.

Muitos duvidaram.

Alguns emitiram como axioma, que o que determinava as mulheres, neste ponto, não era, nem a razão, nem o amor, nem mesmo o capricho; que se um homem lhes agradava, era por se ter apresentado primeiro que os outros, e que sendo este substituído por outro, não tinha esse outro senão o mérito de ter chegado antes do terceiro.

Permaneceu por muito tempo este sistema irreverente.

Hoje, graças a Deus, a verdade se descobriu: veio a saber-se que as mulheres escolhem com pleno conhecimento do que fazem. Compram, examinam, pesam, e só se decidem por um, depois de verificar nele a preciosa qualidade que procuram.

Essa qualidade é ... a toleima!


Fragmento da obra "Queda que as mulheres têm para os tolos",

de Machado de Assis

Nenhum comentário:

Postar um comentário